A grande variedade de índices de preços reflete, na verdade, a história econômica do país, de processos inflacionários diversos, desde a época do império. Cada índice criado vinha com a tentativa de se medir mais corretamente certos aspectos, visando a mensurar setores específicos da economia.
O fato, porém, é que cada índice tem as suas especificidades, medindo a variação de preços para uma determinada cesta de produtos e serviços, consumidos em determinada região e ao longo de um período específico. Diferem entre si no prazo considerado (medem sempre 30 dias, mas nem sempre se referem ao mesmo período), na composição da cesta, nos pesos dos produtos e serviços na cesta, na cobertura geográfica etc.
Os processos de cálculo dos índices, em geral, são semelhantes e fáceis de entender, mas trabalhosos em sua execução. Em linhas gerais, todos se baseiam em um levantamento prévio sobre a estrutura de consumo das pessoas residentes em determinado local, através de uma pesquisa de orçamento familiar: quanto consomem mensalmente de produtos alimentícios, bebidas, produtos de higiene, serviços diversos etc, e que percentual cada um destes itens representa, em média, do total de gastos no mês.
Sabendo-se a composição da cesta básica e o peso de cada item na cesta para aquele local específico, o passo seguinte é o acompanhamento dos preços de todos os itens da cesta, através de levantamento junto a estabelecimentos comerciais. O preço médio encontrado para a cesta no segundo mês é comparado com aquele do mês anterior. A diferença percentual entre eles é a variação do índice que se convencionou chamar inflação. Tecnicamente, há inflação apenas quando a variação é positiva, havendo deflação quando for negativa.
Se o índice tem caráter nacional, este procedimento é realizado, simultaneamente, em diversas regiões do país, considerando o peso de cada região, em termos de representatividade de sua população. Assim, como cada pessoa possui uma estrutura própria de consumo, independentemente de sua renda, um índice nunca refletirá a variação de preços dos produtos e serviços consumidos por apenas uma pessoa em especial. Seria impraticável calcular a inflação individual para cada brasileiro.
O IPCA, calculado pelo IBGE, é hoje o índice mais relevante do ponto de vista da política monetária, servindo de referência para o sistema de metas de inflação. O INPC (IBGE) é bastante utilizado em dissídios salariais, pois mede a variação de preços para quem está na faixa salarial de até 8 salários mínimos. O IGP-DI, calculado pela FGV começou a ser calculado em 1944 e hoje é utilizado para a correção de certos preços administrados. O IGP-M (FGV) é mais utilizado como indexador financeiro. O IPC da Fipe é restrito a São Paulo, o que dificulta a sua consideração.
Mas qual o índice mais indicado para a área de previdência? Como um dos principais objetivos de um indexador atuarial é manter o poder aquisitivo dos beneficiários (corrigindo os benefícios), o INPC e o IPCA têm sido os dois índices mais adotados pelos fundos. A família IGP, por ser muito influenciada pelos preços no atacado é mais vulnerável às oscilações do dólar, tem sido pouco referendada.